A paixão pelo futebol começou à beira
rio, onde se começou a destacar dos amigos de infância e de escola. Dividiu a
formação entre FC Porto e Leixões, e foi no Mar de Matosinhos que regressou à
Cidade do Porto para representar o Boavista FC, na época orientado por João
Alves. No Bessa conquistou uma Taça de Portugal em 1996/97. Vila das Aves, o
emblema avense e o professor Neca marcam a sua carreira futebolística. Vestiu a
camisola do CD Aves durante quatro épocas. Foi o craque do meio campo do Gil Vicente
FC de Álvaro Magalhães que em 1999/00 terminou no 5º lugar da primeira liga.
Findada uma temporada fantástica nos gilistas rumou ao histórico Montpellier de
França, na altura na Ligue 2, regressando a Barcelos no decorrer de 2000/01.
Número 10 puro, com dom para brilhar no desporto rei e fazer brilhar muitos
colegas de equipa, espalhou magia com as camisolas de Varzim SC, FC Maia, SC
Braga, SC Salgueiros e CD Trofense, campeão da II Liga 2007/08. Vila do Conde e
o Rio Ave FC abriram-lhe as portas da notoriedade internacional em 2004/05. Ao
fim de 20 jogos e quatro golos, sobe comando de Carlos Brito o destino foi a
Coreia do Sul. No FC Seoul é ainda hoje um dos grandes ídolos. Três temporadas
no futebol coreano e a conquista da Taça da Liga coreana em 2006.
Internacional português nas selecções
jovens. Disputou o Mundial Sub 20, Austrália 1993.
Profissionalmente dentro do campo
terminou a carreira em 2009/10, no seu Desportivo das Aves, mas a paixão pelo
futebol fê-lo regressar em 2014/15 nos distritais da AF Porto, em Vila Nova de
Gaia, no CD Candal.
Actualmente é treinador, percurso que
iniciou no FC Gaia. Responsável pelo renascimento da modalidade na emblemática
instituição desportiva gaiense dedicada ao andebol, basquetebol e ginástica. Assumiu
o papel de treinador/jogador no CD Candal 2014/15, coadjuvou Vasco Oliveira no
SC Rio Tinto 2018/19 e, deu início à sua trajectória como técnico principal no
CF União de Lamas da AF Aveiro em 2019/20.
2020/21 abriu-lhe as portas do Campeonato
de Portugal, e ao serviço do Grupo Desportivo Vitória de Sernache manteve o
emblema da AF Castelo Branco no actual quarto escalão do futebol nacional.
Na milésima publicação do Futebol
Português Online, é uma honra entrevistar o mágico Ricardo Nascimento a quem
agradecemos a oportunidade e disponibilidade da sua participação.
Bem-Vindo ao FPO Ricardo Nascimento.
Futebol Português
Online – Quando começa a jogar de forma oficial nas camadas jovens do FC Porto
entrava em campo o craque da beira-rio? Enquanto futebolista as raízes nunca o
abandonaram?
Ricardo
Nascimento – Sim, as raízes nunca me abandonaram e foi a melhor escola que alguma
vez podia ter tido na vida. Na rua, na beira-rio.
FPO – Tendo em conta o
seu talento para jogar futebol. Nos tempos atuais e da forma como estão formatadas
as ideias de quem dirige e orienta o futebol como teria sido a sua carreira?
Alguma vez deu por si a pensar nisso? O talento seria suficiente?
RN – As outras pessoas
chamaram-me à atenção disso. Respondendo à sua questão na actualidade, o
Ricardo Nascimento valia 200 milhões de euros.
FPO – Dentro do campo
a qualidade do seu jogo sobressaia com naturalidade. Era muito provocado pelos
adversários ou a provocação enchia-o de motivação para saírem momentos de
grande inspiração?
RN – É um misto. A rua
ensinou-me que quanto mais me assobiavam mais motivação eu tinha, mas quando me
aplaudiam também me dava muita motivação. Concluindo, tive o privilegio de ter
podido jogar para os adeptos (fãs).
Sinto-me um afortunado por ter jogado perante 60 mil pessoas com bandeiras
portuguesas sendo eu o único português.
FPO – Com a perfeita
noção daquilo que era capaz de produzir dentro de campo e com todos os
predicados futebolísticos à vista de quem acompanha o desporto rei, onde é que
ia buscar forças para continuar a jogar em clubes da segunda liga?
RN – Como deve
calcular, na rua, nada é fácil, especialmente quando a bola não é
"tua". A minha motivação foi sempre acreditar em mim e nos meus
companheiros de equipa e os meus adversários também me davam essa motivação
porque me marcavam individualmente em quase todos os jogos.
FPO – Foi treinado por
grandes nomes do futebol português. Professor Neca, João Alves, Carlos Brito,
Mário Reis, Manuel Barbosa, Nicolau Vaqueiro, Horácio Gonçalves, Manuel José,
António Conceição, Vieira Nunes, Manuel Cajuda. Lidavam bem com a sua
irreverência?
RN – Estou muito grato
ao professor Neca, ao mister Carlos Brito e uma grande caminhada começa com um
pequeno passo. O mister Vaqueiro foi o senhor treinador que me lançou no
futebol profissional e isso já mais esquecerei. Os restantes treinadores que eu
tive também, obviamente, foram importantes e acrescentaram algo ao meu jogo.
FPO – O que é que
recorda com mais saudade dos tempos de jogador?
RN – A adrenalina de
ludibriar o adversário e, obviamente, o balneário.
FPO – Disputou um
campeonato do mundo Sub 20 na Austrália, jogou em França e na Coreia do Sul.
Conheceu jogadores de várias nacionalidades. O futebol é rico e especial também
devido à possibilidade de experienciar e conhecer outras culturas?
RN - Eu devo tudo ao
futebol. Aprofundando, por exemplo, na Coreia do Sul, estive lá 3 épocas e a
nível espiritual e cultural sinto que enriqueci como ser humano.
FPO – Melhor meio campo
da carreira. Gil Vicente FC 1999/00 –
Petit, Ricardo Nascimento e Casquilha ou Rio
Ave FC 2004/05 – Delson, Niquinha e Ricardo Nascimento?
RN – Acredito, como
treinador, ia ser, certamente, muito difícil de escolher. Foram todos
excelentíssimos jogadores. Talvez tivesse que fazer uma táctica que os pudesse
englobar a todos.
FPO – Ter voltado a
jogar mesmo sendo a nível distrital foi um desafio para si, em que o principal
desafio estava em demonstrar que ainda conseguia ultrapassar adversários e
apontar grandes golos como aconteceu em Valadares?
RN - Não propriamente.
Voltei a jogar a pedido de um amigo meu e foi interessante, pois constatei que
mesmo com 40/41 anos conseguia, mesmo sem treinar, ombrear com os jogadores de
20/25 anos e acreditem que o futebol distrital não é fácil, pois existem lá
enormes valores.
FPO – Coordenou a formação do FC Gaia, tendo sido responsável pelo regresso do futebol ao clube. Qual era a missão e que dificuldades encontrou? Tendo sido um grande jogador e fazendo parte de uma geração de futebolistas talentosos, o que é que esta realidade lhe ensinou? O talento existe e existirá sempre, mas um contexto mais virado para o negócio inviabilizava a integração de jovens com qualidade que não tinham ou têm a possibilidade de pagar as mensalidades?
RN – Pergunta muito
pertinente. Eu acredito que o futebol é um jogo do povo e deve ser jogado por
qualquer miúdo independentemente do seu estrato social. Ainda hoje, volvidos
alguns anos, o sorriso deles, jovens na altura de 9/10/11/12 anos, já me
confidenciaram, porque têm mais 10 anos, "mister (como eles me chamavam
carinhosamente) eu sinto que sou melhor homem por causa do futebol que você me
ensinou". Eu acredito que o futebol é a maior ferramenta que nós podemos
ter no início da nossa vida. Objectivamente, a respeito do FC Gaia, a política
tentou colocar-se no meio desse futebol que eu ensinei, nas enquanto eu lá
estive não conseguiu.
FPO – Era um jogador
atento ao que acontecia nos treinos, à sua disposição, aos objectivos dos
exercícios e tudo o que envolvia a unidade de treino? Tornar-se treinador foi
instintivo, era algo que sentia?
RN - Depois te ter
acabado a minha carreira como jogador fiquei alguns/muitos anos fora do futebol
erradamente. Isto é a minha vida, a paixão que sinto por este jogo é demasiada.
Esse chamamento para voltar ao futebol foi natural.
FPO – O humor que o
eleva o treinador Ricardo Nascimento entra no balneário?
RN – Com toda a
certeza que sim. Essa é uma frase que uso com bastante frequência porque
realmente acredito nisso.
FPO – Estreou-se em
2020/21 nos campeonatos nacionais como treinador, onde conseguiu ajudar o
Vitória Sernache a atingir os objectivos. Quais são as suas ambições para sua
carreira?
RN - No meu dia-a-dia
almejo sempre o melhor. Por isso tenciono construir um percurso de constante
evolução profissional.
Para terminar a
nossa entrevista……… Defina em uma ou mais palavras.
Beira – Rio – infância
Futebol de Rua - beira-rio
Clube Desportivo
das Aves – Clube que eu devo muito
Rio Ave Futebol Clube – clube que me deu mais mediatismo em Portugal e onde tenho grandes amigos.
Carlos Brito - Deixou-me jogar
os 90 minutos das partidas.
Pedro Franco – Grande amigo da
"bola".
Gil Vicente
Futebol Clube – Ficamos na história do Clube e para a história do futebol Português.
Álvaro Magalhães
- Tecnicamente
muito forte
FC Seoul – Nostalgia.
Consideram-me uma lenda lá.
Coreia do Sul - Melhor país do
mundo a seguir a Portugal.
Banda Sonora da
sua carreira como jogador – Qualquer música dos Sisters of Mercy
Futebol Distrital
- Importante para o
desenvolvimento do futebol, mas ele próprio tem de se desenvolver.
Ricardo
Nascimento – Ricardo Nascimento
Entrevista FPO – Fantástica
Rui Cardoso
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