Filipe
Dias é director de comunicação do FC Infesta e, ao mesmo tempo é membro da
direcção da instituição desportiva do concelho de Matosinhos conhecida por ter
uma mística própria, alicerçada em valores e princípios de respeito e
seriedade, onde todos que têm a honra de a representar ganham um carinho
especial.
A
exercer a função há 12 anos, une duas paixões, pelo futebol e pelo seu clube do
coração. Infestista de corpo e alma, promove todos as atividades que o Infesta
tem para oferecer. Para além do futebol, o azul e branco de S. Mamede Infesta é
representado no andebol e voleibol, sem esquecer a bonita história da
colectividade matosinhense fundada em 1934 (88
anos). Durante quatro décadas, o FC Infesta foi presidido por Manuel Ramos,
figura máxima do emblema mamedense.
Na
entrevista FPO, vamos conhecer um pouco da ligação do Filipe ao FC Infesta.
Bem-Vindo
Filipe Dias.
Futebol Português Online – Como é que nasce a grande paixão pelo FC Infesta? Nasceu
devido a alguma influência familiar?
Filipe Dias – Antes
de mais, agradeço o convite para falar não só sobre mim, mas também sobre este
grande clube que é o FC Infesta, dar-te os parabéns por este espaço na internet
e que mantenhas este trabalho, pois aqui só se fala do que realmente interessa
neste desporto que tanto nos une.
Foi
por intermédio do meu pai que aos domingos à tarde, o acompanhava a ver os
jogos no mítico Moreira Marques no início da década de 90. A primeira memória
que tenho de ver o Infesta, foi num jogo contra o Esposende que vencemos de
goleada, mais ou menos em 1993, mas tenho muitas recordações de grandes jogos
que vivenciei naquele recinto que trás muita nostalgia a quem por lá passou
nesses tempos. A paixão pelo clube, está umbilicalmente ligada à paixão pelo
futebol, que é o meu desporto de eleição, apesar de nunca ter tido grande jeito
:D . Como adoro a cidade de São Mamede de Infesta, que foi onde nasci e cresci,
saber que existe um clube na cidade, foi meio caminho andado para ficar tudo
ligado.
Claro
que também ajudou o facto de o Infesta naquele tempo, praticar um futebol
vistoso, elogiado por todos e que fez grandes épocas desportivas.
FPO – Para além de
toda esta envolvência com a comunicação do clube, representou o FC Infesta
enquanto atleta?
FD – Sim, apesar de
ser um apaixonado por futebol, pratiquei andebol durante 2 ou 3 temporadas,
muito por força dos meus colegas de escola que jogavam praticamente todos no
Infesta e alguns na Académica S. Mamede, mas confesso que também não tinha
grande jeito :D
FPO – Que
momentos viveu no clube, principalmente no mítico Estádio Moreira Marques que
mais o marcaram e emocionaram?
FD – Muitos momentos… vivi
grandes jogos com o Leixões, o nosso grande rival dos anos na 2ª Divisão B, mas
não era só com o Leixões a rivalidade. Nesses tempos, os jogos com as equipas
do Maia e do Varzim, também eram vividos de forma intensa. No Moreira Marques,
lembro-me das goleadas ao Lourosa (7-1), ao Freamunde (6-0) entre outras e
lembro-me de um jogo com o Leixões em 1996, ainda no início do campeonato. O
Infesta estava nos lugares de descida, ainda não tinha vencido um jogo, e o
Leixões, andava a lutar para subir. Eles chegaram cheios de moral e nós
vencemos por 4-3, num jogo emocionante. Nessa temporada, acabamos o campeonato
em 4º e o Leixões acabou por não subir à 2ª Liga.
FPO – Tem saudades dos
tempos áureos do FC Infesta na II Divisão Nacional? Qual é a recordação mais
especial que guarda de tantas temporadas numa divisão tão competitiva?
FD – Sim, são os jogos
obviamente, mas também toda a envolvência em si. Naqueles tempos, e estamos a
falar nos anos 90, embora essa vivência se aplique também aos anos anteriores,
não havia muita oferta de lazer, além do futebol, aos domingos à tarde. A
romaria ao estádio era bonita de ser ver, com tanta gente de São Mamede e não
só.
Relativamente
à competição, as memorias são muitas, num clube que chegou a deter o recorde de
presenças consecutivas (20 temporadas) pois o Infesta foi um dos “fundadores”.
FPO – Pela
história e pelos valores que norteiam o clube, o FC Infesta é uma paixão que
passa de país para filhos?
FD – Já foi mais. Já
no tempo em que o meu pai me passou a “paixão” pelo Infesta, eram poucos os que
a “agarravam” e eu vi isso mesmo com muitos amigos meus, que iam de vez em
quando ver os jogos… Falta muita cultura associativista à terra que os viu
nascer, em “jovens” da minha idade. São poucos os que ajudam e que têm vontade
em ajudar. Não só no Infesta, mas em outras instituições que vivem da
“carolice”. Nos jovens de hoje em dia, ainda é pior, pois há muitos meios de
distração e os tempos livres, são ocupados em shoppings, jogos gaming, tablets,
telemóveis… etc.
FPO – Há a
preocupação de transmitir a mística do FC Infesta a quem chega de novo?
FD – Tentamos
transmitir mantendo muita gente há muitos anos ligada ao clube. Também o facto
de termos reativado o Moreira Marques, ajuda nesse sentido, principalmente nos
escalões mais jovens. Temos muitos pais que viveram de perto toda a euforia do
Infesta nas décadas de 80 e 90 e verem os seus filhos vestirem as cores do
clube, naquele mítico palco, é um motivo de orgulho para eles.
FPO – A
dinamização nas redes sociais é cada vez mais importante e, a nível dos clubes
que disputam competições distritais a que é feita no FC Infesta é uma
referência, pela grande promoção de toda a dinâmica do clube. Define estratégias
comunicacionais para esse efeito ou o único e principal objectivo é informar?
FD – Bem, para mim é
uma honra saber que o Infesta nesse sentido, é uma referência…
Queremos
que acima de tudo, os envolvidos no clube se sintam valorizados, que sintam que
o clube não se esquece deles, sejam dirigentes, funcionários, treinadores,
massagistas, atletas… o importante para o Infesta é que essas pessoas se sintam
bem connosco, pois só assim o clube é referenciado como um clube único. Para
isso, procuro publicar todos os aniversários das mais de meia centena de
pessoas que estão por cá. É um trabalho difícil, por vezes com falhas pois nem
sempre tenho acesso ao aniversário de toda a gente, mas com a colaboração de
todos os diretores, nas mais variadas modalidades, tudo se consegue.
Em
termos informativos, tento sempre dar o máximo de informação possível, pois
sabemos que as redes sociais são, hoje em dia, o meio mais fácil e rápido de
comunicar. Penso que nesse sentido, os infestistas estão contentes, se bem que
tenho idealizado outros projectos, como as transmissões em direto dos jogos,
principalmente futebol sénior e andebol sénior, mas por falta de tempo e de
pessoal, não tem sido possível. Há outras vertentes que também tenho
idealizadas, umas já aplicadas como as revistas mensais onde tivemos o número 1
neste mês de Setembro, o podcast no nosso canal no YouTube, que estou a prever
iniciar novamente em Outubro e também, espero até ao final do ano, “abrir” a
nova loja online no nosso site oficial. Claro que tudo isto, ser gerido por uma
só pessoa, rouba imenso tempo livre, mas com gosto e paixão, tudo se consegue.
FPO – Fale-nos
de Manuel Ramos, presidente que durante 40 anos dedicou a vida ao FC Infesta e,
que no meio futebolístico era respeitado e admirado pelos intervenientes?
FD – Privei com o Sr.
Manuel Ramos, nos seus dois últimos anos de mandato como Presidente (2011 a
2013). O Sr. Ramos, era um homem bom, justo e honesto. Era uma pessoa de um
trato bastante afável, simpático e apaixonado por aquilo que fazia no Infesta.
Apesar de não ser a sua terra natal, São Mamede de Infesta deve-lhe muito pois
fez imensas coisas pelos jovens da terra. Lembro-me de numa conversa privada
com ele, referir que uma das coisas que o movia, eram os “seus meninos”, que
sentia como se fossem seus netos. Ele adorava ver os jogos dos mais pequenos.
Mas antes de falar no Sr. Ramos, deixa-me mencionar outro homem a quem o Infesta também deve muito e que também infelizmente já partiu, o Sr. José Gaspar Lino. Foi ainda com ele a presidir a Comissão Administrativa, que o local onde hoje está o Estádio Moreira Marques, outrora arrendado, passou a pertencer ao Infesta. Hoje, o Infesta tem património à custa do Sr. Gaspar Lino e dos seus colegas de direção na altura. Depois, o Sr. Ramos deu um maior incremento com a melhoria considerável das instalações, a construção da sede, do Pavilhão, a cedência do espaço na Quinta da Arroteia que desde a década de 90, serve as camadas mais jovens do clube, para além do natural investimento na equipa sénior de futebol, ao longo dos anos que esteve como presidente. Pouco antes de deixar a presidência do Infesta, fez um contrato com o clube, deixando o mesmo usufruir do espaço onde em 2011, transformou por completo, em conjunto com a Camara Municipal de Matosinhos, a Arroteia, hoje em dia justamente damos o nome a Parque de Jogos – Manuel Ramos. E muita coisa havia a dizer sobre ele… que Deus o tenha em eterno descanso.
Recordar FC Infesta
Defina
Augusto Mata – Era um
visionário. Ficará para sempre lembrado como o homem que inventou a tática do
fora-de-jogo, o que criou grandes problemas aos seus adversários. A ele, o
Infesta também lhe deve muito, não só pela longevidade como treinador, como por
ter catapultado o nome do clube para grandes palcos e patamares do futebol
nacional.
Taça de Portugal – É uma prova que
tenho saudades de ver o Infesta participar. Salvo erro, a última participação
foi em 2011 contra o Chaves. Para além dos jogos com o FC Porto e Benfica, defrontamos
várias vezes o Boavista, o Vitória de Setúbal, Nacional da Madeira, Académica
Coimbra, entre outros…
FC Infesta vs SL Benfica – Foi talvez o momento alto do clube, ao defrontar o clube
mais popular de Portugal. Penso que se o Benfica de 2001, defronta-se o Infesta
de meados dos anos 90, o Benfica teria grandes dificuldades em passar…
Sérgio Nora – Tem uma história
curiosa. O Mata descobriu-o a jogar futebol na praia e convidou-o para o
Infesta e por lá ficou durante muitos anos. Foi dos grandes jogadores que vi
envergar a camisola do Infesta e foi pena não ter singrado no futebol
profissional. Regressou agora como treinador, é um discípulo de Augusto Mata e
tem feito um trabalho extraordinário com os poucos recursos que o clube tem.
Tavares – Pouco vi do
Tavares no Infesta, foi já em final de carreira quando passou pela segunda vez
no clube, mas fica sempre lembrado como o primeiro jogador internacional
português que envergou a nossa camisola.
Romeu – Lembro-me do
Romeu como um avançado portentoso e que pensei que iria ter sorte quando foi
para o Porto. Infelizmente não teve sucesso nos dragões mas foi importante
noutros clubes, principalmente em Guimarães, para além de ter sido o segundo
jogador internacional por Portugal que jogou no Infesta.
Carlitos – O grande capitão,
não há adjetivos para o que o Carlitos fazia em campo e fora dele. Teve mais de
20 anos ligado ao Infesta, o único clube que conheceu na carreira.
Pascoal – Era o meu ídolo
quando era miúdo. Um avançado argentino que no meu mundo de criança, tinha
lugar na alvi-celeste :D
Formoso – Não menosprezando
todos os atletas que vi jogar no Infesta, mas o Formoso foi para mim, o melhor.
Que pé esquerdo fantástico e tinha um remate potente e colocado. Infelizmente
como treinador, não teve o mesmo sucesso.
Paulinho Teixeira – Uma referência, e
confesso que me custou muito quando ele saiu do Infesta. Gostava de o ver
acabar aqui a carreira.
Vitinha – Era o capitão do
Infesta quando cheguei como dirigente ao clube. Uma pessoa espetacular que
transmitia a mística do clube aos mais novos.
Jorginho – Para além da
excecional vertente humana, como profissional nada se lhe pode apontar. Fez
muitas omoletes sem ovos e a ele devemos a manutenção, numa das épocas mais
difíceis do clube (2014/15) e a subida de divisão duas épocas depois.
André Ribeiro – O André foi, o
“meu” primeiro capitão enquanto dirigente do clube. Sempre pensei que ele seria
um “Vitinha” ou “Carlitos”, mas infelizmente esse trajeto terminou na época
passada. No entanto, enalteço o seu espírito infestista pois foi e sei que
continua a ser, uma referência no clube para muitos das gerações mais jovens.
Desejo pessoal para o futuro do FC Infesta - Que se mantenha como um clube respeitador, cumpridor e
honrado e que finalmente, dentro de 3 ou 4 anos, possamos estar a inaugurar o
novo Complexo Desportivo.
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