ENTREVISTA FPO - FILIPE DIAS DIRETOR DE COMUNICAÇÃO DO FC INFESTA - Futebol Português Online

15 setembro 2022

ENTREVISTA FPO - FILIPE DIAS DIRETOR DE COMUNICAÇÃO DO FC INFESTA


 

Filipe Dias é director de comunicação do FC Infesta e, ao mesmo tempo é membro da direcção da instituição desportiva do concelho de Matosinhos conhecida por ter uma mística própria, alicerçada em valores e princípios de respeito e seriedade, onde todos que têm a honra de a representar ganham um carinho especial.

A exercer a função há 12 anos, une duas paixões, pelo futebol e pelo seu clube do coração. Infestista de corpo e alma, promove todos as atividades que o Infesta tem para oferecer. Para além do futebol, o azul e branco de S. Mamede Infesta é representado no andebol e voleibol, sem esquecer a bonita história da colectividade matosinhense fundada em 1934 (88 anos). Durante quatro décadas, o FC Infesta foi presidido por Manuel Ramos, figura máxima do emblema mamedense.

Na entrevista FPO, vamos conhecer um pouco da ligação do Filipe ao FC Infesta.

Bem-Vindo Filipe Dias.


Futebol Português Online – Como é que nasce a grande paixão pelo FC Infesta? Nasceu devido a alguma influência familiar?


Filipe Dias – Antes de mais, agradeço o convite para falar não só sobre mim, mas também sobre este grande clube que é o FC Infesta, dar-te os parabéns por este espaço na internet e que mantenhas este trabalho, pois aqui só se fala do que realmente interessa neste desporto que tanto nos une.

Foi por intermédio do meu pai que aos domingos à tarde, o acompanhava a ver os jogos no mítico Moreira Marques no início da década de 90. A primeira memória que tenho de ver o Infesta, foi num jogo contra o Esposende que vencemos de goleada, mais ou menos em 1993, mas tenho muitas recordações de grandes jogos que vivenciei naquele recinto que trás muita nostalgia a quem por lá passou nesses tempos. A paixão pelo clube, está umbilicalmente ligada à paixão pelo futebol, que é o meu desporto de eleição, apesar de nunca ter tido grande jeito :D . Como adoro a cidade de São Mamede de Infesta, que foi onde nasci e cresci, saber que existe um clube na cidade, foi meio caminho andado para ficar tudo ligado.

Claro que também ajudou o facto de o Infesta naquele tempo, praticar um futebol vistoso, elogiado por todos e que fez grandes épocas desportivas.


FPO – Para além de toda esta envolvência com a comunicação do clube, representou o FC Infesta enquanto atleta?


FD – Sim, apesar de ser um apaixonado por futebol, pratiquei andebol durante 2 ou 3 temporadas, muito por força dos meus colegas de escola que jogavam praticamente todos no Infesta e alguns na Académica S. Mamede, mas confesso que também não tinha grande jeito :D


FPO – Que momentos viveu no clube, principalmente no mítico Estádio Moreira Marques que mais o marcaram e emocionaram? 


FD – Muitos momentos… vivi grandes jogos com o Leixões, o nosso grande rival dos anos na 2ª Divisão B, mas não era só com o Leixões a rivalidade. Nesses tempos, os jogos com as equipas do Maia e do Varzim, também eram vividos de forma intensa. No Moreira Marques, lembro-me das goleadas ao Lourosa (7-1), ao Freamunde (6-0) entre outras e lembro-me de um jogo com o Leixões em 1996, ainda no início do campeonato. O Infesta estava nos lugares de descida, ainda não tinha vencido um jogo, e o Leixões, andava a lutar para subir. Eles chegaram cheios de moral e nós vencemos por 4-3, num jogo emocionante. Nessa temporada, acabamos o campeonato em 4º e o Leixões acabou por não subir à 2ª Liga.


FPO – Tem saudades dos tempos áureos do FC Infesta na II Divisão Nacional? Qual é a recordação mais especial que guarda de tantas temporadas numa divisão tão competitiva?


FD – Sim, são os jogos obviamente, mas também toda a envolvência em si. Naqueles tempos, e estamos a falar nos anos 90, embora essa vivência se aplique também aos anos anteriores, não havia muita oferta de lazer, além do futebol, aos domingos à tarde. A romaria ao estádio era bonita de ser ver, com tanta gente de São Mamede e não só.

Relativamente à competição, as memorias são muitas, num clube que chegou a deter o recorde de presenças consecutivas (20 temporadas) pois o Infesta foi um dos “fundadores”.


FPO – Pela história e pelos valores que norteiam o clube, o FC Infesta é uma paixão que passa de país para filhos?


FD – Já foi mais. Já no tempo em que o meu pai me passou a “paixão” pelo Infesta, eram poucos os que a “agarravam” e eu vi isso mesmo com muitos amigos meus, que iam de vez em quando ver os jogos… Falta muita cultura associativista à terra que os viu nascer, em “jovens” da minha idade. São poucos os que ajudam e que têm vontade em ajudar. Não só no Infesta, mas em outras instituições que vivem da “carolice”. Nos jovens de hoje em dia, ainda é pior, pois há muitos meios de distração e os tempos livres, são ocupados em shoppings, jogos gaming, tablets, telemóveis… etc.


FPO – Há a preocupação de transmitir a mística do FC Infesta a quem chega de novo?         


FD – Tentamos transmitir mantendo muita gente há muitos anos ligada ao clube. Também o facto de termos reativado o Moreira Marques, ajuda nesse sentido, principalmente nos escalões mais jovens. Temos muitos pais que viveram de perto toda a euforia do Infesta nas décadas de 80 e 90 e verem os seus filhos vestirem as cores do clube, naquele mítico palco, é um motivo de orgulho para eles.


FPO – A dinamização nas redes sociais é cada vez mais importante e, a nível dos clubes que disputam competições distritais a que é feita no FC Infesta é uma referência, pela grande promoção de toda a dinâmica do clube. Define estratégias comunicacionais para esse efeito ou o único e principal objectivo é informar?         


FD – Bem, para mim é uma honra saber que o Infesta nesse sentido, é uma referência…

Queremos que acima de tudo, os envolvidos no clube se sintam valorizados, que sintam que o clube não se esquece deles, sejam dirigentes, funcionários, treinadores, massagistas, atletas… o importante para o Infesta é que essas pessoas se sintam bem connosco, pois só assim o clube é referenciado como um clube único. Para isso, procuro publicar todos os aniversários das mais de meia centena de pessoas que estão por cá. É um trabalho difícil, por vezes com falhas pois nem sempre tenho acesso ao aniversário de toda a gente, mas com a colaboração de todos os diretores, nas mais variadas modalidades, tudo se consegue.

Em termos informativos, tento sempre dar o máximo de informação possível, pois sabemos que as redes sociais são, hoje em dia, o meio mais fácil e rápido de comunicar. Penso que nesse sentido, os infestistas estão contentes, se bem que tenho idealizado outros projectos, como as transmissões em direto dos jogos, principalmente futebol sénior e andebol sénior, mas por falta de tempo e de pessoal, não tem sido possível. Há outras vertentes que também tenho idealizadas, umas já aplicadas como as revistas mensais onde tivemos o número 1 neste mês de Setembro, o podcast no nosso canal no YouTube, que estou a prever iniciar novamente em Outubro e também, espero até ao final do ano, “abrir” a nova loja online no nosso site oficial. Claro que tudo isto, ser gerido por uma só pessoa, rouba imenso tempo livre, mas com gosto e paixão, tudo se consegue.


FPO – Fale-nos de Manuel Ramos, presidente que durante 40 anos dedicou a vida ao FC Infesta e, que no meio futebolístico era respeitado e admirado pelos intervenientes?


FD – Privei com o Sr. Manuel Ramos, nos seus dois últimos anos de mandato como Presidente (2011 a 2013). O Sr. Ramos, era um homem bom, justo e honesto. Era uma pessoa de um trato bastante afável, simpático e apaixonado por aquilo que fazia no Infesta. Apesar de não ser a sua terra natal, São Mamede de Infesta deve-lhe muito pois fez imensas coisas pelos jovens da terra. Lembro-me de numa conversa privada com ele, referir que uma das coisas que o movia, eram os “seus meninos”, que sentia como se fossem seus netos. Ele adorava ver os jogos dos mais pequenos.

Mas antes de falar no Sr. Ramos, deixa-me mencionar outro homem a quem o Infesta também deve muito e que também infelizmente já partiu, o Sr. José Gaspar Lino. Foi ainda com ele a presidir a Comissão Administrativa, que o local onde hoje está o Estádio Moreira Marques, outrora arrendado, passou a pertencer ao Infesta. Hoje, o Infesta tem património à custa do Sr. Gaspar Lino e dos seus colegas de direção na altura. Depois, o Sr. Ramos deu um maior incremento com a melhoria considerável das instalações, a construção da sede, do Pavilhão, a cedência do espaço na Quinta da Arroteia que desde a década de 90, serve as camadas mais jovens do clube, para além do natural investimento na equipa sénior de futebol, ao longo dos anos que esteve como presidente. Pouco antes de deixar a presidência do Infesta, fez um contrato com o clube, deixando o mesmo usufruir do espaço onde em 2011, transformou por completo, em conjunto com a Camara Municipal de Matosinhos, a Arroteia, hoje em dia justamente damos o nome a Parque de Jogos – Manuel Ramos. E muita coisa havia a dizer sobre ele… que Deus o tenha em eterno descanso.


Recordar FC Infesta

 

Defina

 

Augusto MataEra um visionário. Ficará para sempre lembrado como o homem que inventou a tática do fora-de-jogo, o que criou grandes problemas aos seus adversários. A ele, o Infesta também lhe deve muito, não só pela longevidade como treinador, como por ter catapultado o nome do clube para grandes palcos e patamares do futebol nacional.


Taça de PortugalÉ uma prova que tenho saudades de ver o Infesta participar. Salvo erro, a última participação foi em 2011 contra o Chaves. Para além dos jogos com o FC Porto e Benfica, defrontamos várias vezes o Boavista, o Vitória de Setúbal, Nacional da Madeira, Académica Coimbra, entre outros…


FC Infesta vs SL BenficaFoi talvez o momento alto do clube, ao defrontar o clube mais popular de Portugal. Penso que se o Benfica de 2001, defronta-se o Infesta de meados dos anos 90, o Benfica teria grandes dificuldades em passar…


Sérgio NoraTem uma história curiosa. O Mata descobriu-o a jogar futebol na praia e convidou-o para o Infesta e por lá ficou durante muitos anos. Foi dos grandes jogadores que vi envergar a camisola do Infesta e foi pena não ter singrado no futebol profissional. Regressou agora como treinador, é um discípulo de Augusto Mata e tem feito um trabalho extraordinário com os poucos recursos que o clube tem.


TavaresPouco vi do Tavares no Infesta, foi já em final de carreira quando passou pela segunda vez no clube, mas fica sempre lembrado como o primeiro jogador internacional português que envergou a nossa camisola.


RomeuLembro-me do Romeu como um avançado portentoso e que pensei que iria ter sorte quando foi para o Porto. Infelizmente não teve sucesso nos dragões mas foi importante noutros clubes, principalmente em Guimarães, para além de ter sido o segundo jogador internacional por Portugal que jogou no Infesta.


CarlitosO grande capitão, não há adjetivos para o que o Carlitos fazia em campo e fora dele. Teve mais de 20 anos ligado ao Infesta, o único clube que conheceu na carreira.


PascoalEra o meu ídolo quando era miúdo. Um avançado argentino que no meu mundo de criança, tinha lugar na alvi-celeste :D


FormosoNão menosprezando todos os atletas que vi jogar no Infesta, mas o Formoso foi para mim, o melhor. Que pé esquerdo fantástico e tinha um remate potente e colocado. Infelizmente como treinador, não teve o mesmo sucesso.


Paulinho TeixeiraUma referência, e confesso que me custou muito quando ele saiu do Infesta. Gostava de o ver acabar aqui a carreira.


VitinhaEra o capitão do Infesta quando cheguei como dirigente ao clube. Uma pessoa espetacular que transmitia a mística do clube aos mais novos.


JorginhoPara além da excecional vertente humana, como profissional nada se lhe pode apontar. Fez muitas omoletes sem ovos e a ele devemos a manutenção, numa das épocas mais difíceis do clube (2014/15) e a subida de divisão duas épocas depois.


André RibeiroO André foi, o “meu” primeiro capitão enquanto dirigente do clube. Sempre pensei que ele seria um “Vitinha” ou “Carlitos”, mas infelizmente esse trajeto terminou na época passada. No entanto, enalteço o seu espírito infestista pois foi e sei que continua a ser, uma referência no clube para muitos das gerações mais jovens.


Desejo pessoal para o futuro do FC Infesta - Que se mantenha como um clube respeitador, cumpridor e honrado e que finalmente, dentro de 3 ou 4 anos, possamos estar a inaugurar o novo Complexo Desportivo.

    

    

Rui Cardoso

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.