2020 O ANO QUE DESARMOU O FUTEBOL

2020 O ANO QUE DESARMOU O FUTEBOL

Até Março de 2020 tudo corria dentro da normalidade, quando na semana que antecedia a Páscoa o mundo parou, devido à propagação da pandemia COVID - 19. Os cidadãos foram obrigados a confinar nas suas residências sem saber quando é que podiam sair e, quando é que voltaria a sua vida normal. Ficaram de parte algumas paixões e objectivos pessoais, mudaram-se hábitos, milhões de pessoas perderam a vida para um vírus incorpóreo  que chegou para se apoderar do mundo sem pedir licença. As relações sociais foram suspensas, a tecnologia tomou conta do presencial nos serviços e na educação. A marcação passou a ser obrigatória, tal como o distanciamento social, aqui ou acolá desrespeitado em alguns eventos. "2020 não vais deixar saudades".

FUTEBOL PORTUGUÊS EM 2020

O último fim de semana de futebol antes da paragem forçada pela pandemia COVID - 19 jogou-se a 7 e 8 de Março 2020. Daí para a frente, começaram as contas na vida dos clubes e dos atletas, principalmente nas divisões inferiores. Distritais, Campeonato de Portugal e II Liga viram o tempo passar sem soluções à vista. A organização das competições começou a ser posta em causa, assim como todos os envolvidos no fenómeno em Portugal. Foram denunciados muitos casos de incumprimento, jogadores e respectivas famílias começaram a passar por dificuldades, alguns desses casos extremos. Mas vejamos, a podridão que anda de mãos dadas com os envolvidos no mundo do futebol já promove este tipo de situações há vários anos. Foi preciso aparecer uma pandemia para o tema se tornar ordem do dia. Foram postos em causa subsídio precários a jogadores, muitos deles estrangeiros, que procuram Portugal a montra da sua ambição para se darem a conhecer e subir patamares na carreira. Culpa de todos os intervenientes, desde presidentes a representantes de atletas, passando pelos treinadores e restantes elementos das estruturas directivas, que não devem, nem estão no direito de a troco de nada ou coisa nenhuma pactuar com este tipo de situações. Em primeiro lugar está a dignidade do ser humano. 

Futebol Para a Vida - Formado por um grupo de jogadores que disputam o Campeonato de Portugal, começaram por ajudar alguns atletas em dificuldade que representavam clubes da Série D. O movimento estendeu-se às restantes séries. Um trabalho notável, naquele que é o maior acto colectivo de solidariedade que alguma vez aconteceu no futebol português.

Futebol de Formação - A alegria dos fins de semana dos jovens futebolistas ainda continua incerta. Foram lançadas várias datas para o recomeço das competições juvenis. 2021 aguarda pela felicidade dos pequenos craques. Esperemos que esta paragem sirva para os seus encarregados de educação avaliarem os seus comportamentos, pois são os principais responsáveis pelo seu crescimento e, que os seus treinadores se preocupem mais com o processo formar, sem pensar nas suas ambições pessoais e, que as organizações hajam dignamente com quem os representa.  Não pode valer tudo.

Campeonato de Portugal - O COVID - 19 pôs fim à competição a quatro jornadas do termino da primeira fase. FC Vizela e FC Arouca foram os clubes com maior numero pontual entre as quatro séries, sendo esse o critério de escolha pela Federação Portuguesa de Futebol para a promoção à II Liga. Este cenário causou indignação aos emblemas que lutavam pelo acesso à fase final do CP, que  se uniram e, em conjunto se deslocaram à FPF para conversar com os responsáveis pela organização do campeonato. Sem sucesso, como é típico em Portugal, "Quem manda pode."

Destaque nas Redes Sociais - Quarentena da Bola

Rémulo Marques, jornalista que ao longo da carreira se foi notabilizando em vários órgãos de comunicação, como por exemplo, diário desportivo OJogo, Porto Canal, onde foi director do departamento de desporto, Rádio Estádio entre outros, lançou durante a pandemia na rede social Facebook a Quarentena da bola. Conteúdos bem definidos, participantes conhecedores e dominadores do fenómeno futebol. Citando alguns nomes, Luís Castro, Vítor Pereira, Abel Ferreira, Vítor Oliveira, André Vilas Boas, Manuel Cajuda entre muitos outras personalidades, que semanalmente "colam" às lives centenas de loucos pela bola. Debates dedicados à II Liga, Campeonato de Portugal, futebol de formação, campeonatos distritais, treino de guarda-redes, futsal. modalidades, agendas semanais e tertúlias que juntaram em painel adeptos afectos a clubes que não FC Porto, SL Benfica e Sporting CP, estando o espaço dedicado à estarolada marcado para as noites de sexta feira. O projecto Quarentena da Bola e Rémulo Marques, encontram-se nas bancas das livrarias com o livro Descodificando o Treinador e o Jogo. Obra literária que conta com a participação exclusiva de mais de 60 treinadores.

2020 

Ano de Partidas Inesperadas

Dentro e fora do campo, o ano de 2020 perdeu seres humanos que contribuíram para o engrandecimento do futebol nacional. 

Eduardo José Gomes Camassele Mendez "Dito", internacional português que representou SL Benfica e FC Porto e, dirigiu algumas equipas na primeira liga portuguesa faleceu a 3 Setembro de 2020 vítima de ataque cardíaco. Tinha 58 anos.

Jaques - Natural de Vila Real de Santo António, consagrou-se no FC Porto onde foi o melhor marcador na temporada 1981/82 com 27 golos. Faleceu a 3 Novembro de 2020 vítima de ataque cardíaco aos 65 anos.

Jaime Alves - O lateral/médio direito nasceu em Espinho. A aventura futebolística começou no emblema da sua cidade, o SC Espinho. Tornou-se uma referência do Boavista FC, clube que o levou até à selecção nacional e ainda vestiu a camisola do Vitória SC. Faleceu a 21 Setembro de 2020 vítima de doença prolongada.

Basílio Marques - Filho de Guimarães e do seu Vitória FC que defendeu dentro e fora das quatro linhas. A 15 Agosto de 2020, os vimaranenses acordaram com a notícia do seu falecimento devido a doença oncológica.

Vítor Oliveira - É unânime que o "Rei das Subidas" será para sempre uma das grandes figuras do desporto rei em Portugal. Para além dos seis títulos de campeão da II Liga e respectivas 11 promoções à I Liga, o homem apaixonado pela sua Cidade, Matosinhos, e conhecido pela amizade, lealdade, inteligência e boa conversa deixa saudades ao mundo apaixonante que é capaz de parar o país e o mundo. Voz activa da classe de treinadores, de crítica curta e objectiva, deixou no mundo dos vivos uma enorme tristeza e vazio. Partiu aos 67 anos, ao final da manhã de um sábado que emocionou amigos, conhecidos e admiradores do treinador e do homem.

  

Rui Cardoso