ENTREVISTA FPO - PAULO GOMES TREINADOR DE FUTEBOL - Futebol Português Online

15 março 2018

ENTREVISTA FPO - PAULO GOMES TREINADOR DE FUTEBOL



É natural da Cidade do Porto, Freguesia de Paranhos, a Freguesia da Alma desportiva do Norte, a Alma Salgueirista. O futebol passou de hobbie favorito a profissão durante 18 anos dentro das quatro linhas e, há quatro anos iniciou a carreira de treinador no clube de Paranhos.
Pautou a meio campo os onzes de alguns clubes míticos do futebol português. Leça FC, AD Ovarense, AD Sanjoanense, Ac. Viseu, SC Espinho, SC Covilhã e Boavista FC, clube de formação quando regressou a Portugal depois de alguns anos a disputar os campeonatos do futebol jovem francês.
Terminou com Alma dentro do campo, a mesma alma com que iniciou as lides de treinador. Salgueiros, o clube do seu coração onde realizou duas boas temporadas a comandar a equipa sénior no CNS/CP 2013/14 e 2014/15.
Bem-vindo ao FPO. Gratos pela sua disponibilidade em partilhar o seu futebol connosco.

Futebol Português Online – 18 anos de futebol dentro das 4 linhas. Concretizou o sonho ou o sonho continua e há muitos mais para concretizar?

Paulo Gomes – O sonho continua porque há muitas coisas que conquistei como jogador e que ambiciono conquistar como treinador. É um sonho contínuo e apaixonante pelo impacto positivo que o futebol sempre teve na minha vida desde pequeno. É o meu oxigénio, a minha gasolina.

FPO –Na sua juventude. O que é que diferenciava a forma de trabalhar dos treinadores de futebol de formação em França dos treinadores das camadas jovens portuguesas? Tem alguma referência ou algum ensinamento adquirido nesse tempo que transportou para o início da sua carreira nos escalões de formação do Salgueiros?

PG - A "forma" de trabalhar depende das condições que te proporcionam, embora algumas ideias e conceitos tenham de ser passados independentemente das condições de trabalho.
Nas camadas jovens em França as condições para se trabalhar no futebol eram superiores às que encontrei em Portugal, daí sermos justamente reconhecidos em todo o mundo pela capacidade de fazer "muito com pouco". Os treinadores portugueses são a imagem disso.
O que transportei para o início do meu percurso como treinador foi acima de tudo a experiência que adquiri na minha carreira enquanto futebolista profissional.

FPO – Gostava mais de ser jogador ou gosta mais de ser treinador?

PG – Sendo o futebol desde pequenino a minha paixão, honestamente não tenho preferência entre ser jogador ou treinador. Adoro o futebol em todas as vertentes, como jogador, treinador ou um simples amante da modalidade. Sinceramente não me vejo a trabalhar noutra área. Com 25 anos já tinha o primeiro e o segundo nível de treinador. Desde muito cedo que sabia o que queria fazer quando terminasse o meu percurso dentro do campo.
São funções diferentes. Como jogador acabas um treino e vais para casa descansar sem pensar em mais nada, ao contrário do treinador que vai para casa pensar na melhor forma de tirar rendimento dos seus jogadores para obter resultados positivos no final da semana quando a equipa vai a jogo. 

FPO – A vantagem de ter sido profissional de futebol facilita-lhe a tarefa de treinador, ou de certa forma descobriu algo que lhe passava completamente ao lado porque do outro lado não tinha noção?

PG – Para mim a experiência adquirida como jogador foi fundamental nos meus primeiros passos como treinador. Rodeei-me de profissionais que me trouxeram conhecimentos de outras áreas e juntos conseguimos ter sucesso e atingir resultados muito positivos nas camadas jovens e nos seniores do SC Salgueiros. Toda a gente sabe, principalmente as pessoas que trabalharam connosco. Foi um enorme orgulho e honra trabalhar no meu clube do coração. Apesar das condições de trabalho nunca desistimos de lutar e estávamos sempre motivados para o defender.

FPO – É fácil para si definir o futebolista Paulo Gomes? Jogava na equipa do treinador PG?

PG – O futebolista Paulo Gomes era um médio ofensivo com boa visão de jogo e que jogava tanto no corredor central como nas faixas. Tecnicamente evoluído e forte nas bolas paradas, mas com pouca agressividade e compromisso defensivo, daí a dificuldade em jogar na equipa do treinador Paulo Gomes (risos).

FPO – Quem treina o Salgueiros fica preparado para enfrentar qualquer desafio?

PG – Nasci em Paranhos e é muito fácil para mim falar do meu clube.
O SC Salgueiros como clube de enorme referência nacional e internacional pela sua passagem nas competições europeias é um desafio tremendo e que nos prepara para qualquer outro.
Tem uma massa adepta fantástica que acompanha em grande numero o clube para todo lado e faz do lema "Tentar...Sempre...Desistir...Nunca..." uma obrigação para eles e para todos nós, obrigando-nos a trabalhar sempre nos limites.
Ali ou se trabalha com Alma Salgueirista ou não se tem sucesso.

FPO –  A evolução de alguns jogadores e a chegada a patamares profissionais surpreendeu-o? Qual é o sentimento de um treinador quando acontece essa ascensão?

PG - A chegada de alguns jogadores com quem trabalhamos a competições profissionais só espanta a quem não trabalhou com eles diariamente e, não assistiu aos nossos jogos. Para mim não foi surpresa nenhuma, pela forma empenhada como encararam este desafio. Sinto um orgulho tremendo. O mérito foi todo deles.

FPO – É risco ou ato de coragem para um treinador lançar futebolistas mais novos nas equipas seniores?

PG – Sou da opinião que se deve lançar jovens futebolistas. Devem ser enquadrados com jogadores "referência" de forma ao crescimento deles ser feito de forma sustentada e equilibrada. Sendo este processo pensado e ponderado não acho que seja um risco ou um ato de coragem, mas sim uma forma inteligente de gerir os recursos que são postos à nossa disposição quando vemos qualidade neles. Tanto no nosso primeiro ano de Salgueiros como no segundo trouxemos vários jovens para a equipa principal para treinar e competir, criando assim as bases para outros as aproveitarem no futuro se assim o entendessem.

FPO – Tem Diego Simeone como referência por ser intenso e apaixonado pelo treino e pelo jogo?

PG – Sem dúvida nenhuma. Vejo o Atlético de Madrid a jogar e fico entusiasmado com a Atitude, Agressividade e Ambição que os jogadores metem em cada lance do jogo. Podem dizer que a qualidade do seu futebol nem  sempre é a melhor, mas não podem dizer que todos aqueles jogadores não dão tudo e mais alguma coisa em campo para ganhar.
Não é por acaso que é o clube nos últimos anos, desde que o Simeone é o treinador que conseguem dar luta aos dois grandes de Espanha. Não esquecendo que Barcelona e Real Madrid têm um poderio financeiro muito superior. O Atlético de Madrid é a imagem do seu treinador, Lutador e Ambicioso. Revejo-me nos princípios e nas suas ideias.

FPO –  Têm surgido oportunidades para regressar ao activo? Que tipo de projecto o motivaria mais?

PG – Desde que saí dos Salgueiros já surgiram vários convites para voltar ao activo mas não eram o que eu pretendia.
Em alguns casos não chegamos a acordo financeiro, e noutros não estávamos em sintonia com as condições necessárias para atingir os objectivos do clube. Quero um projecto ambicioso e com condições para realizar um bom trabalho.

Ao Primeiro Toque – Para terminar a entrevista, o entrevistado pode qualificar ou descrever com uma ou mais palavras as palavras soltas descritas abaixo.

Boavista FC – Xadrez

SC Salgueiros – Alma

Futebol de Formação em Portugal - Qualidade

Ser treinador – Paixão

Ambição Futura – Projeto

Diego Simeone – Exemplo

Paulo Gomes – Ambicioso

Entrevista FPO - Agradecimento



Rui Cardoso