Pautou a
meio campo os onzes de alguns clubes míticos do futebol português. Leça FC, AD Ovarense, AD Sanjoanense, Ac. Viseu, SC Espinho, SC
Covilhã e Boavista FC, clube de formação quando regressou a Portugal depois de
alguns anos a disputar os campeonatos do futebol jovem francês.
Terminou
com Alma dentro do campo, a mesma alma com que iniciou as lides de treinador.
Salgueiros, o clube do seu coração onde realizou duas boas temporadas a comandar
a equipa sénior no CNS/CP 2013/14 e 2014/15.
Bem-vindo
ao FPO. Gratos pela sua disponibilidade em partilhar o seu futebol connosco.
Futebol Português Online – 18 anos de
futebol dentro das 4 linhas. Concretizou o sonho ou o sonho continua e há
muitos mais para concretizar?
Paulo Gomes – O sonho continua
porque há muitas coisas que conquistei como jogador e que ambiciono conquistar como
treinador. É um sonho contínuo e apaixonante pelo impacto positivo que o
futebol sempre teve na minha vida desde pequeno. É o meu oxigénio, a minha
gasolina.
FPO –Na sua juventude. O que é que diferenciava
a forma de trabalhar dos treinadores de futebol de formação em França dos
treinadores das camadas jovens portuguesas? Tem alguma referência ou algum
ensinamento adquirido nesse tempo que transportou para o início da sua carreira
nos escalões de formação do Salgueiros?
PG - A
"forma" de trabalhar depende das condições que te proporcionam,
embora algumas ideias e conceitos tenham de ser passados independentemente
das condições de trabalho.
Nas camadas jovens em França as condições para se trabalhar no futebol eram superiores às
que encontrei em Portugal, daí sermos justamente reconhecidos em todo o mundo
pela capacidade de fazer "muito com pouco". Os treinadores
portugueses são a imagem disso.
O que transportei para o início do meu percurso como treinador foi acima
de tudo a experiência que adquiri na minha carreira enquanto futebolista profissional.
FPO – Gostava mais de ser jogador ou gosta mais de ser treinador?
PG – Sendo o futebol
desde pequenino a minha paixão, honestamente não tenho preferência entre ser
jogador ou treinador. Adoro o futebol em todas as vertentes, como jogador,
treinador ou um simples amante da modalidade. Sinceramente não me vejo a
trabalhar noutra área. Com 25 anos já tinha o primeiro e o segundo nível de
treinador. Desde muito cedo que sabia o que queria fazer quando terminasse o
meu percurso dentro do campo.
São funções diferentes. Como jogador acabas um treino e vais para casa
descansar sem pensar em mais nada, ao contrário do treinador que vai
para casa pensar na melhor forma de tirar rendimento dos seus jogadores para
obter resultados positivos no final da semana quando a equipa vai a jogo.
FPO – A vantagem de ter sido profissional de futebol
facilita-lhe a tarefa de treinador, ou de certa forma descobriu algo que lhe
passava completamente ao lado porque do outro lado não tinha noção?
PG – Para mim a
experiência adquirida como jogador foi fundamental nos meus primeiros passos
como treinador. Rodeei-me de profissionais que me trouxeram conhecimentos de outras
áreas e juntos conseguimos ter sucesso e atingir resultados muito positivos nas
camadas jovens e nos seniores do SC Salgueiros. Toda a gente sabe,
principalmente as pessoas que trabalharam connosco. Foi um enorme orgulho e
honra trabalhar no meu clube do coração. Apesar das condições de trabalho nunca
desistimos de lutar e estávamos sempre motivados para o defender.
FPO – É fácil para si definir o futebolista
Paulo Gomes? Jogava na equipa do treinador PG?
PG – O futebolista
Paulo Gomes era um médio ofensivo com boa visão de jogo e que jogava tanto no
corredor central como nas faixas. Tecnicamente evoluído e forte nas bolas
paradas, mas com pouca agressividade e compromisso defensivo, daí a dificuldade
em jogar na equipa do treinador Paulo Gomes (risos).
FPO – Quem treina o Salgueiros fica preparado
para enfrentar qualquer desafio?
PG – Nasci em
Paranhos e é muito fácil para mim falar do meu clube.
O SC Salgueiros como clube de enorme referência nacional e internacional
pela sua passagem nas competições europeias é um desafio tremendo e que
nos prepara para qualquer outro.
Tem uma massa adepta fantástica que acompanha em grande numero o clube para todo lado e faz
do lema "Tentar...Sempre...Desistir...Nunca..." uma obrigação para
eles e para todos nós, obrigando-nos a trabalhar sempre nos limites.
Ali ou se trabalha com Alma Salgueirista ou não se tem sucesso.
FPO – A evolução de alguns jogadores e a
chegada a patamares profissionais surpreendeu-o? Qual é o sentimento de um
treinador quando acontece essa ascensão?
PG - A chegada de
alguns jogadores com quem trabalhamos a competições profissionais só espanta a quem
não trabalhou com eles diariamente e, não assistiu aos nossos jogos. Para mim
não foi surpresa nenhuma, pela forma empenhada como encararam este desafio. Sinto um
orgulho tremendo. O mérito foi todo deles.
FPO – É risco ou ato de coragem para um
treinador lançar futebolistas mais novos nas equipas seniores?
PG – Sou da opinião
que se deve lançar jovens futebolistas. Devem ser enquadrados com jogadores "referência" de forma
ao crescimento deles ser feito de forma sustentada e equilibrada. Sendo este
processo pensado e ponderado não acho que seja um risco ou um ato de coragem,
mas sim uma forma inteligente de gerir os recursos que são postos à nossa
disposição quando vemos qualidade neles. Tanto no nosso primeiro ano de
Salgueiros como no segundo trouxemos vários jovens para a equipa principal para
treinar e competir, criando assim as bases para outros as aproveitarem no
futuro se assim o entendessem.
FPO – Tem Diego Simeone como referência por ser intenso e apaixonado pelo treino e
pelo jogo?
PG – Sem dúvida
nenhuma. Vejo o Atlético de Madrid a jogar e fico entusiasmado com a Atitude,
Agressividade e Ambição que os jogadores metem em cada lance do jogo. Podem
dizer que a qualidade do seu futebol nem sempre é a melhor, mas não podem dizer
que todos aqueles jogadores não dão tudo e mais alguma coisa em campo para
ganhar.
Não é por acaso que é o clube nos últimos anos, desde que o Simeone é o
treinador que conseguem dar luta aos dois grandes de Espanha. Não esquecendo
que Barcelona e Real Madrid têm um poderio financeiro muito
superior. O Atlético de Madrid é a imagem do seu treinador, Lutador e
Ambicioso. Revejo-me nos princípios e nas suas ideias.
FPO – Têm surgido oportunidades para regressar ao activo? Que tipo de projecto o
motivaria mais?
PG – Desde que saí dos
Salgueiros já surgiram vários convites para voltar ao activo mas não eram o que
eu pretendia.
Em alguns casos não chegamos a acordo financeiro, e noutros não estávamos em sintonia com as condições necessárias para atingir os objectivos do clube. Quero um projecto ambicioso e com condições para realizar um bom trabalho.
Em alguns casos não chegamos a acordo financeiro, e noutros não estávamos em sintonia com as condições necessárias para atingir os objectivos do clube. Quero um projecto ambicioso e com condições para realizar um bom trabalho.
Ao Primeiro Toque – Para terminar a entrevista, o
entrevistado pode qualificar ou descrever com uma ou mais palavras as palavras
soltas descritas abaixo.
Boavista FC – Xadrez
SC Salgueiros – Alma
Futebol de Formação em Portugal - Qualidade
Ser treinador – Paixão
Ambição Futura – Projeto
Diego Simeone – Exemplo
Paulo Gomes – Ambicioso
Entrevista FPO - Agradecimento
Rui Cardoso